Mercadinho assaltado 20 vezes em dez anos no conjunto Santa Delmira

A grande variedades de lojas, supermercados de grande e pequeno portes, serviço de transporte público, escolas, postos de saúde, dentre outros atrativos, impulsionaram as famílias a morarem lá. Porém, com o passar dos anos, o quadro mudou e hoje diversas pessoas estão sendo obrigadas a se mudarem devido a insegurança que se instalou na comunidade, gerado pela violência.
Assaltos, furtos, latrocínios, assassinatos, tráfico de drogas e dezenas de outras ações são desenvolvidas pelos marginais. Para se ter uma ideia do caos vivido pelos moradores, somente o "Mercadinho Bom Pastor", situado na Avenida da Integração, já foi assalto 20 vezes desde sua inauguração, há quase 10 anos, sendo que três assaltos aconteceram em pouco menos de três meses deste ano, tendo o último ocorrido sábado passado. Os assaltantes levaram mais de de R$ 1.200,00 em dinheiro.
Segundo informações repassadas por Geraldo Lopes Fernandes, proprietário do mercadinho, o prejuízo estimado com os assaltos já contabiliza mais de R$ 10 mil. E tem mais, em todos os assaltos os bandidos usam de extrema violência física e psicológica.
"Por duas vezes os assaltantes chegaram a me agredir fisicamente, dando coronhadas e ameaçando a todo instante me matar e matar meus dois funcionários caso não encontrassem dinheiro", explicou.
O comerciante destacou que os bandidos agem sempre do mesmo jeito. Uma dupla chega de motocicleta, leva todo o dinheiro do caixa e desaparece.
Geraldo contou ainda que todas às vezes que foi assaltado prestou queixa à polícia, mas ninguém nunca foi preso, nem os valores levados foram recuperados. "Para não dizer que a polícia nunca prendeu nenhum marginal, certa ocasião pegou um dos elementos que acabara de me assaltar, porém quando chegou à delegacia ele foi liberado por que era de menor", enfatizou.
Frequentemente uma viatura da Polícia Militar faz ronda no bairro, mas como a bandidagem sabe o horário, aproveita para assaltar nesse intervalo.
"Achei que com as câmeras instaladas diminuíssem os crimes, no entanto parece que foi pior, eles passaram a agir de dia e sem nenhuma proteção na cara", contou.
O proprietário disse que convive constantemente com o medo e os inúmeros assaltos sofridos tem deixado sequelas graves. "Vivo em uma constante tensão, não posso ouvir uma moto ou um carro parar que já penso ser mais um assalto. Vivo uma pressão nervosa muito intensa", disse.
A exemplo do comércio de Geraldo Lopes, no bairro havia uma casa lotérica que chegou a ser assaltada mais de 15 vezes, mas para não ver seu patrimônio ser destruído pelos criminosos o proprietário fechou o estabelecimento e abriu em outro lugar, no centro da cidade.
O posto policial que existe no conjunto Santa Delmira está desativado há mais de ano.
De acordo com as vítimas, os criminosos arrombam as portas e levam tudo o que encontram pela frente. O comandante da Polícia Militar, tenente-coronel Túlio César Alves de Oliveira, comandou pessoalmente uma operação denominada "Mossoró da Paz", realizada simultaneamente em diversos bairros, mas os delitos continuam a ocorrer.