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quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Alto número de homicídios assustam Mossoró



O número de homicídios registrados nos nove primeiros meses deste ano em Mossoró, já supera os casos ocorridos nos 12 meses do ano passado. De janeiro a setembro deste ano, segundo dados da Subcoordenadoria de Análise Estatística e Análise Criminal (Seac) e Centro Integrado de Operações em Segurança Pública (Ciosp), já foram notificados 143 homicídios na segunda maior cidade do Estado, contra 124 casos contabilizados em todo o ano de 2010.
O mês de maior pico em 2011 foi maio, cujo aumento no índice de violência foi de 100%. Em 2010, o referido mês registrou 13 assassinatos, dobrando no ano seguinte para 26. Em termos proporcionais, junho foi o que registrou um maior crescimento da violência. Subiu de 6 assassinatos para 19, um aumento maior que 300%. A desaceleração na curva de crescimento da violência começa a ser verificada, de acordo com os dados estatísticos, a partir de julho, quando o número de mortes subiu de 8 para 10. No mês seguinte pulou de 12 para 13, até chegar em setembro, que registrou uma redução, que até então não havia sido verificada.
Diante do aumento da violência, as autoridades policiais implementaram uma série de medidas para tentar reverter o quadro. Em setembro passado, a curva comparativa referente às notificações desses crimes apresentou declínio, em relação ao mesmo mês do ano anterior. Foram 12 homicídios em setembro de 2010, contra nove registrados no mesmo período deste ano. O comandante do 2º BPM, tenente-coronel Túlio César Alves, avaliou que várias medidas foram importantes, como por exemplo, a “Operação Sertão Seguro”, na qual 16 policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope), para proteger os limites geográficos do RN com os estados vizinhos da Paraíba, Ceará e Pernambuco, a fim de inibir a entrada de bandidos e quadrilhas interestaduais. A apreensão de 110 armas de fogo – o que representa a recuperação de uma arma a cada dois dias, de janeiro a setembro-, também foi lembrada como um elemento fundamental no declínio dos homicídios. Aliado a isso, a própria guerra entre traficantes. “Havia casos em que um só homicida realizava de 10 a 15 crimes sozinho. E em 99% das mortes registradas a gente tem a confirmação de que havia envolvimento dessa pessoa com o tráfico”, arrematou ele.
Comandante crê na redução dos crimes
O coronel PM, Francisco Reinaldo de Lima, acredita que a queda no número de homicídios registrado em setembro passado terá continuidade. Ele credita aos esforços dos policiais locais e habilidade no planejamento dos gestores os resultados positivos apresentados no último relatório da Seac sobre os crimes de morte em Mossoró. A “Sertão Seguro” foi lembrada como um importante momento no trabalho de integração entre polícias civil e militar dos estados do Rio Grande do Norte, Ceará, Paraíba e Pernambuco.
Segundo o comandante, este ano, Mossoró recebeu um incremento de 50 PM’s e melhoria estrutural com aquisição de 30 coletes balísticos e armas não letais também são apontados para o resultado positivo. A ampliação no horário de serviço da Ronda Ostensiva com Apoio de Motocicleta (Rocam) e do Patrulhamento Tático Móvel (Patamo), cujo final de expediente passou das 23h para as 2h, são apontados pela PM como ações importantes na articulação da estrutura da polícia militar.
Quando perguntado se o número de policiais lotados na região é suficiente, Cel Francisco Reinaldo diz que não existe um número ideal, mas sabe que quanto mais policiais nas ruas é garantia de mais segurança para a população.
Moradores confessam que sentem medo
A redução ainda recente nos índices de violência não chegou à consciência dos moradores, que continuam sentindo-se inseguros. O primeiro mês em que o número de assassinatos caiu, em relação ao ano anterior, ainda não surtiu efeito na sensação da população, que ainda teme a violência. A comerciante Ana Paula, que tem 30 anos e mora no bairro Santo Antônio (zona Norte), o que registra maior número de ocorrências policiais da cidade, diz que convive assustada com a violência. Ela mora no bairro há 10 anos e já testemunhou casos de homicídios, tentativas de homicídios e assaltos. A comerciante enumerou uma série de crimes que ocorreram próximo à sua casa e diz temer pela sua segurança e de seus familiares.
Casada e mãe de dois filhos, um deles com dez anos, ela demonstra sua preocupação: “Tenho medo quando meu filho está na rua. Procuro evitar que ele ande em certos tipos de locais e com certas companhias”, explica. Apesar da violência constante, ela afirma que teme pela sua segurança, mas não mudaria de endereço por causa disso. Nas estatísticas da Polícia Militar, o bairro Santo Antônio é o que registra maior número de ocorrências. Só em setembro desse ano, a PM registrou 279 chamadas para o número 190, que recebe as chamadas de emergências feitas à PM.
 
*Sentinelas do Apodi
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