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segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Documentos revelam esquema de agência dos EUA para espionar Dilma




Fantástico apresenta uma reportagem exclusiva e reveladora: como é que o maior sistema de espionagem do mundo está de olho no Brasil.
A gente vai contar para você, passo a passo, como a agência de segurança nacional dos Estados Unidos consegue monitorar as comunicações no centro do poder, em Brasília.  Inclusive da presidente Dilma Rousseff.

A reportagem é de Sônia Bridi e Glenn Greenwald.

Os documentos, classificados como ultrassecretos, fazem parte de uma apresentação para o público interno da agência de segurança nacional dos Estados Unidos. Um código indica isso.

Eles mostram a presidente do Brasil, Dilma Rousseff, e o que seriam seus principais assessores, como alvo direto de espionagem da NSA.

O jornalista Glenn Greenwald, coautor desta reportagem, foi quem recebeu os papéis das mãos de Edward Snowden, o ex-analista da NSA, que deixou os Estados Unidos levando documentos da agência, com a intenção de divulgar o sistema de espionagem americano no mundo.

Fantástico: Quando foi que você recebeu esse documento do Edward Snowden?

Glenn Greenwald: Foi na primeira semana de junho, quando esteve com ele em Hong Kong. Ele me deu esses documentos com todos os outros documentos no pacote original.

O pacote tinha milhares de documento secretos. Glenn analisou esses papéis com Snowden durante uma semana em Hong Kong. Pouco depois Snowden fugiu para a Rússia, onde passou 38 dias na área de trânsito do Aeroporto de Moscou, até ter seu pedido de asilo aceito no país.

Durante a produção da reportagem, o Fantástico conversou com Snowden por um programa de bate-papo protegido contra espionagem. Escondido em algum ponto do território russo, ele disse que por exigência do governo local não pode comentar o conteúdo dos papéis, mas diz que acompanha a repercussão que os documentos estão tendo pelo mundo, inclusive no Brasil.

Fantástico: Como é que a gente pode avaliar o documento e saber se foram operações que foram consumadas e não apenas projetos?

Glenn Greenwald: Foi muito claro com esses documentos que ele já fizeram essa espionagem, porque eles não estão discutindo isso só como alguma coisa que eles estão planejando. Eles estão festejando o sucesso da espionagem.

Os documentos obtidos com exclusividade pelo Fantástico mostram que foi feita espionagem de comunicações da presidente Dilma com seus principais assessores, indicados por esses pontos. Também é espionada a comunicação dos assessores entre eles e com terceiros.

A apresentação secreta se chama: "Filtragem inteligente de dados: estudo de caso México e Brasil".
Segundo a apresentação, o programa possibilita encontrar, sempre que quiser,  uma agulha no palheiro.

O palheiro, no caso, é o volume imenso de informações a que a espionagem americana tem acesso todos os dias, espionando as redes de telefone, internet, servidores de e-mail e redes sociais. A agulha é quem eles escolherem.

No documento, de junho de 2012, são dois alvos: o presidente do México, Enrique Peña Nieto, então candidato líder nas pesquisas para a presidência, e a presidente do Brasil, Dilma Rousseff.

Funciona assim: selecionado o alvo, são monitorados os números de telefone, os e-mails e o IP, a identificação do computador. O mesmo para os interlocutores escolhidos, no caso, assessores. O que eles chamam de ‘um pulo’, é toda a comunicação entre o alvo e os assessores. Um pulo e meio, quando os assessores conversam entre eles. Dois pulos, quando eles conversam com outras pessoas.

Para espionar o então candidato mexicano Peña Nieto, o S2C, o serviço de segurança internacional da NSA para América Latina,  fez uma ação intensiva.

Para isso, usou dois programas. Um deles é chamado "mainway", e serve para coletar o grande volume de informações que passa pelas redes de comunicação.
As mensagens de texto por telefone do candidato também foram interceptadas, usando o programa "Association", que pega as informações que circulam nas redes sociais.

Daí, as mensagens vão para outro filtro, o "Dishfire", que busca por determinadas palavras-chave.
Sob o título "mensagens interessantes", a prova de que o conteúdo das mensagens foi acessado.

Dois trechos são citados. Em um deles, o ainda candidato à presidência do México, Peña Nieto, conta quem seriam alguns de seus ministros, que só tomariam posse seis meses depois da eleição.

Na sequência, vem a explicação de como foi feita a espionagem da presidente Dilma. "Goal" é o objetivo da operação: "melhorar a compreensão dos métodos de comunicação e dos interlocutores da presidente do Brasil, Dilma Rousseff, e seus principais assessores".

O que eles chamam de "sementes" são os endereços eletrônicos e números de telefones monitorados. Um dos programas usados pela NSA é chamado de "DNI selectors", que segundo outro documento vazado por Snowden, captura tudo o que o usuário faz na internet, incluindo o conteúdo de e-mails e sites visitados.

O gráfico seguinte mostra toda a rede de comunicações da presidente com seus assessores. Cada bolinha representa uma pessoa. Mas a imagem ampliada mostra que legendas ou nomes de quem teve a comunicação interceptada foram apagados para a apresentação.

No documento não há exemplos de mensagens ou ligações entre a presidente e seus ministros, como aconteceu quando o agora presidente do México foi mencionado.

Mas na última página o documento diz que o método de espionagem usado é "uma filtragem simples e eficiente que permite obter dados que não são disponíveis de outra forma. E que pode ser repetido". Se pode ser repetido, tudo indica que foi levado a cabo.

E mais. Conclui, dizendo que a união de dois setores da NSA teve sucesso contra alvos de alto escalão: Brasil e México. Alvos importantes, que sabem do perigo de espionagem e protegem sua comunicação. Novamente, se houve sucesso é porque foram exemplos reais.

Em julho, uma reportagem do jornal O Globo, mostrada também no Fantástico, revelou, com documentos vazados por Snowden, que os Estados Unidos interceptam milhões de comunicações de brasileiros.

Na época, o embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Thomas Shannon, negou que conteúdos das ligações e de e-mails de cidadãos brasileiros estivessem sendo espionados. Admitiu apenas que a NSA acessa os chamados metadados, que é o total de conexões, que passam pelo Brasil.

Não está claro se a interceptação das ligações da presidente Dilma foi feita apenas com acesso às redes de comunicação, ou se houve participação de espiões em território brasileiro.

James Bramford, especialista que escreveu três livros sobre a NSA, falou com o Fantástico, em Washington.
Ele diz que a NSA tem espiões nas embaixadas e consulados americanos pelo mundo.

“Temos uma grande embaixada em Brasília e um consulado no Rio de Janeiro. A NSA opera nesses prédios. Antenas nas embaixadas podem interceptar sinais de microondas e telefones celulares”, diz James Bramford.

Ainda em Hong Kong, quando se encontrou com Glenn Greenwald, Edward Snowden comentou os documentos que envolvem a espionagem à presidente Dilma.

Ele disse o seguinte: "a tática do governo americano desde o 11 de setembro é dizer que tudo é justificado pelo terrorismo. Assustando o povo para que aceite essas medidas como necessárias. Mas a maior parte da espionagem que eles fazem não tem nada a ver com segurança nacional, é para obter vantagens injustas sobre outras nações em suas indústrias e comércio em acordos econômicos".

No mês passado a revista época publicou com exclusividade um documento comprovando que a espionagem americana é também comercial.

Trata-se de uma carta escrita pelo atual embaixador americano no Brasil, Thomas Shannon, em 2009, quando ainda era subsecretário de estado.

Ele agradece à NSA pelas informações repassadas à diplomacia americana antes  da quinta cúpula das Américas, um encontro entre os chefes de Estado do continente para discutir assuntos comerciais e diplomáticos da região.

Na carta, Thomas Shannon escreveu: "mais de 100 relatórios que recebemos da agência nos deram uma compreensão profunda dos planos e intenções dos outros participantes da cúpula e permitiram que nossos diplomatas estivessem bem preparados para aconselhar o presidente Obama em como lidar com questões controversas".

“Em questões comerciais, saber o que os outros estão pensando antes das reuniões multilaterais é como jogar pôquer sabendo quais as cartas de todos na mesa”, afirma James Bramford.

Outro documento obtido com exclusividade pelo Fantástico diz que uma divisão inteira da NSA é dedicada à política internacional e atividades comerciais, com um setor encarregado de países da Europa Ocidental, Japão, México e Brasil.

Um terceiro documento ultrassecreto enumera os desafios geopolíticos dos Estados Unidos para os anos de 2014 a 2019.

O surgimento do Brasil e da Turquia no cenário global é classificado como risco para a estabilidade regional. E o Brasil aparece de novo, junto com outros países, como uma dúvida no cenário diplomático americano: nosso país seria amigo, inimigo ou problema? Também são citados Egito, Índia, Irã, Turquia, México, além de outros países.

“Quando o país fica mais independente, mais forte, como o Brasil está. Competindo com os Estados Unidos, com empresas americanas. E por causa disso, o governo americano está pensando diferente sobre Brasil”, destaca Glenn.

Por que Edward Snowden torna públicos esses documentos?
“Ele me disse: ‘Olha, eu acho que a privacidade do norte-americano é muito importante, mas também acho que a privacidade dos estrangeiros, das pessoas na América Latina, dos brasileiros, são muito importante também. Igual com importância. E eu não quero proteger a privacidade do norte-americano só. Eu quero proteger a privacidade de todas as pessoas’”, revela Glenn.

Esta semana o jornal "Washington Post" publicou o orçamento secreto dos serviços de espionagem americanos, o equivalente a R$ 126 bilhões.

FONTE: FANTASTICO
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