Renovado, novo Logan resolve o problema da antiga geração: agora é um sedã bonito. Mas terá fôlego para desbancar o atual líder do segmento?
NOVO RENAULT LOGAN ENFRENTA O LÍDER FIAT GRAND SIENA.
Se o próprio diretor de marketing admite que seu produto nunca foi um exemplo de beleza, então não é preciso ter receio de classificar o Renault Logan como o patinho feio da marca francesa. “Mas na nova geração nós felizmente teremos orgulho de destacar a imagem do sedã, que ficou muito elegante”, afirma Bruno Hohmann.
De fato, o modelo que já entrou em produção na fábrica de São José dos Pinhais (PR) parece ter participado daqueles programas de TV que fazem um antes e um depois com convidados feiosos. Começa a ser vendido em 15 de novembro no Brasil, com tabela entre R$ 28 mil e R$ 45 mil.
Pó no rosto, ajeitada no cabelo, roupas novas e pronto! Eis um Renault que fará com que ninguém tenha saudades da antiga geração. A evolução visual é tanta que muitos duvidaram se tratar de um Logan ao se deparar com o modelo durante nosso período de testes.
Na dianteira, os faróis e a grade com a nova identidade da marca fazem um belo par e conferem robustez ao design do novo sedã. A grata sensação de harmonia também é observada nas linhas da traseira, embora ela transmita um certo déjà vu. Mas, até aí, nenhum problema. Copiaram o desenho da lanterna do Citroën DS3? Copiaram! Pelo menos, inspiraram-se em traços elegantes.
RENAULT LOGAN
Por dentro, o salto de qualidade de acabamento é notório. Ainda há muito plástico, mas os materiais são mais agradáveis e a quantidade de rebarbas visíveis, considerando-se a unidade avaliada, foi bem reduzida. Os novos bancos e volante contribuíram muito para uma significativa melhora da ergonomia. Nem parece um Logan!
RENAUL LOGAN
A motorização não sofreu alterações. Continuam em cena os motores 1.0 16V e 1.6 8V flexíveis de até 80 cv e 106 cv, respectivamente. Para ambos, o câmbio é manual de cinco marchas; por ora, a Renault não tem planos de oferecer a caixa automática de quatro velocidades, em função da baixa procura.
Segundo a montadora, o mix de vendas da nova geração do Logan será de meio a meio entre os motores 1.0 e 1.6. Das versões, 15% tendem a ser para a de entrada (Authentique), 65% para a intermediária (Expression) e 20% para a de topo (Dynamique). Ao todo, a Renault almeja ampliar em 20% o índice de emplacamentos do modelo e se aproximar dos líderes do segmento dos sedãs compactos “parrudinhos”. Um desafio e tanto. Conforme os dados da Fenabrave, federação que reúne as concessionárias do país, o antigo Logan teve 17.478 unidades vendidas entre janeiro e setembro. No mesmo período, o Fiat Grand Siena, referência da classe, registrou 64.488 emplacamentos. Nada mais justo, portanto, que colocarmos os dois modelos frente a frente para saber qual é o melhor.
RENAUL LOGAN
Bonitão vai para a briga:
Selecionamos as versões topo de linha de Grand Siena e Logan para este comparativo por duas razões: ambas são equipadas com motor 1.6 e têm valor de tabela semelhantes. O sedã feito em Betim (MG) parte de R$ 42.890 na configuração Essence, enquanto o três volumes da Renault tem preço sugerido de R$ 43 mil para a série Dynamique.
FIAT GRAND SIENA
Com o pacote Sublime, que deixa o Fiat completinho por mais R$ 4.525, a cifra final do Grand Siena vai para R$ 47.415. Ao acrescentar os opcionais do Renault (faróis de neblina, tela multimídia sensível ao toque e sensor de estacionamento), seu preço chega a R$ 45 mil. Mesmo ficando quase R$ 2.500 mais caro que o novo Logan, o compacto mineiro ainda representa um melhor custo-benefício para o consumidor.
FIAT GRAND SIENA
Entre os pontos fortes do Grand Siena destacam-se o nível de acabamento, a eficiência superior nas frenagens, a precisão do câmbio e a dirigibilidade mais prazerosa. Não que o Logan fique muito atrás. Aliás, a vitória do Fiat foi bastante apertada.
A lista de atrativos do Logan inclui ótimo espaço interno (são 2,63 metros de entre-eixos contra 2,51 m do adversário), melhor desempenho em retomadas de velocidade e seguro mais em conta. A apólice prevista pela Azul Seguros sai por R$ 1.111, ante os R$ 1.951 cobrados para o Fiat.
Nos dados técnicos, a superioridade é do Grand Siena, cujo motor 1.6 flex desenvolve 117 cv e 16,8 kgfm com etanol, contra 106 cv e 15,5 kgfm do Logan. Por ser um pouco mais leve, o Renault ganha nas retomadas. Nas de 40 a 80 km/h, por exemplo, o Logan gastou 7,1 segundos, tempo 0,8 s mais veloz que o do concorrente.
O casamento entre o propulsor e o câmbio, no entanto, é mais afiado no Fiat, cuja transmissão manual de cinco marchas tem engates precisos. As trocas no Logan são um pouco ruidosas e um tanto difíceis de executar em saídas de semáforos ou em baixas velocidades.
FIAT GRAND SIENA
Em ergonomia, o Logan se sobressai. Seus ajustes de altura e inclinação para o banco do motorista são mais fáceis de operar, o quadro de instrumentos tem grafismos e leitura mais bem resolvidos e o novo volante – com comandos para o limitador e controlador de velocidade – oferece ótima empunhadura. Outra boa constatação está no posicionamento do botão de regulagem elétrica dos retrovisores. Ele agora está à esquerda do painel e não mais abaixo da alavanca do freio de estacionamento.
RENAUL LOGAN
O Renault ainda impressiona pela oferta do sistema multimídia com tela sensível ao toque e GPS, além do ar-condicionado digital. Esses itens são indisponíveis para o Grand Siena que, por usa vez, ataca com acendimento automático dos faróis, sensor de chuva, vidros elétricos com mecanismo de um toque, apoio de braço e retrovisor fotocromático. A lista de opcionais do Fiat ainda inclui airbags laterais (R$ 1.473), teto solar (R$ 3.154) e câmbio automatizado Dualogic (R$ 2.396).
Em termos de espaço e conforto, o cenário é novamente de equilíbrio. O Logan acomoda melhor até cinco adultos, mas as suspensões do Grand Siena são mais macias, sem comprometer a estabilidade da carroceria. Outro trunfo do Fiat é o isolamento acústico da cabine e o menor nível de ruídos do motor. A 120 km/h, o conta-giros registra 3.100 rpm, e 3.500 giros do Logan. Nas acelerações, o barulho do motor do Renault invade o habitáculo e incomoda o motorista.
Quem aprecia posição elevada de dirigir vai se sentir bem nos dois modelos, mas terá um maior campo de visão no Fiat. Uma pena que em ambos seja muito difícil de encontrar a postura ideal ao volante, por conta da ausência de regulagem de distância da coluna de direção.
Na briga de consumo, pontos para o Gran Siena, que apresenta melhores médias na cidade e na estrada. Em ciclo urbano, o Logan fez 7,4 km/l, contra 8,6 km/l do Grand Siena. Na estrada, os índices foram de 10,6 km/l e 11,1 km/l, respectivamente.
Independentemente do resultado do duelo, fica evidente a evolução do Renault Logan em um segmento que ganhou nomes de peso nos últimos anos, como Chevrolet Cobalt e o Nissan Versa. O sedã até então visto como opção racional está estiloso e agora aguçando os apetites passionais dos compradores. Os rivais (inclusive o vencedor deste comparativo) que fiquem espertos!
Fonte: Auto Esporte
Fotos: Christian Castanho